Desasnar o vinho …. não é fácil, pois com ou sem intenção muitos pontos importantes são ocultos ao bebedor comum, reles mortal….
Desasnar é descomplicar … DESASNANDO o LAVRAR A TERRA ….
Lavrar a terra, segundo o meu amigo Houaiss é: “revolver e sulcar a terra com instrumento agrícola; amanhar; cultivar”
Pra que serve?
Para limitar a concorrência com o mato e auxiliar a vinha à se enraizar profundamente, aerando sem destruir os rizomas, nem a micro-fauna e micro-flora do vinhedo.
TIPOS
Dependendo da composição do solo, dependendo do relevo, dependendo das escolhas do vinhateiro – nesta fase agricultor – pode-se optar por algumas maneiras distintas de trabalhar o solo ou também uma mistura entre elas.
Não lavrar – em costas íngremes, cascalhadas, inacessíveis e com um regime pluviométrico favorável, ou em outros casos, pode-se optar por não lavrar a terra. Quase como uma visão de permacultura, o meio-ambiente, o micro-clima e as videiras estão integradas e não precisam de trabalho além de desmatar de tempos em tempos.
Lavrar com auxílio de trator – é a técnica convencional, onde um trator é utilizado para puxar os instrumentos agrícolas, ou simplesmente para tracionar instrumentos que pessoas guiam próximas dos pés de vinha. Esta segunda técnica é mais delicada e menos destrutiva.
Lavrar com cavalos – Técnica mais antiga, mais natural e tradicional que permite não compactar demais os solos e passar próximo das videiras sem riscos de danificá-las.
– Grande precisão, cada linha e pé de vinha são tratados de maneira quase individual e permite intervir nas videiras antigas, e também nas frágeis recém plantadas, nos vinhedos apertados/densos, nos vinhedos difíceis e de acesso delicado
– Menor compactação – O cavalo trabalha a terra suavemente, ele restitui os solos e permite uma melhor nutrição das plantas e como a terra é menos dura, as raízes penetram mais profundamente no terreno da parcela
– Aleatoriedade dos pontos de passagem, inexistência de compactação contínua e repetitiva – um trator passa quase sempre no mesmo lugar
– Sem vibrações mecânicas, que aumentam a destruição dos solos.
Na Alsácia, Eric e seu cavalo Boris, lavrando a terra nas parcelas de Pinot Noir… sim, surpresas pela frente :-)
NOSSOS VINHATEIROS
Milan – O cavalo é usado nas parcelas especiais, nas demais usa lavra mecânica com parcimônia para não atingir as vinhas. é o Mistral (cavalo com nome do vento) e o Olivier – e no fundo os Alpilles…. lá no Milan !
Padié – maior parte das parcelas sem lavra alguma e parcelas com lavra mecânica
Colombière – nenhuma lavra. Fazem um trabalho de raspagem superficial entre e em todas as linhas de videiras para não modificar os horizontes (a estrutura do solo). Esse trabalho permite descompactar, aerar, suprimir raízes superficiais e favorecer uma vida microbiana intensa nos primeiros 10-15 cm – principal zona de alimentação da vinha. Este trabalho é realizado no outono e na primavera, visando regular o crescimento de mato sem eliminá-lo totalmente, pois é uma fonte de nitrogênio, casa de insetos e dá estrutura ao solo.
Sénéchalière – Nenhuma lavra. Um trabalho intenso e minucioso de limpeza é feito durante o inverno e à mão, selecionando os “matos” que ficam e os que devem ser removidos.
Mortier – Utilizaram cavalo em 2003, hoje lavra com ajuda do trator com muita atenção para os pés de vinha e em algumas parcelas não lavra e desmata de tempos em tempos à mão. Olhando para frente e para trás do trator nos Mortier, vemos o Aurelién Boisard (dir. de azul) se apoiando na tração mecânica para aerar com cuidados os pés de vinha.
Pothiers – Lavram todo o vinhedo mas somente nos pés das vinhas, com lavra mecânica e lavra com cavalo nas parcelas mais delicadas. Dá para perceber a delicadeza desse trator agrícola, que revira um pouco sem machucar as plantas.